Para muitos
gráficos, o conteúdo de informação é bastante baixo, como temos mostrado no
último capítulo da série. Esta parte trata da representação do curso de tempo,
pois o tratamento dos eixos de séries de números em gráficos e tabelas não é
uniforme, como vai mostrar a análise de uma série de outros relatórios anuais.
O curso de tempo como ponto de discórdia
No conceito de notação
de Rolf Hichert foi formulada a regra de que tanto em tabelas como nos gráficos
o curso de tempo deve ser apresentado de forma consistente da esquerda para a
direita. Este aspecto não pode ser observado na maioria dos relatórios anuais
analisados. Muitos mostram tabelas com o ano atual e logo ao lado direito o ano
anterior, invertendo a direção. É ainda mais preocupante quando tal tabela é
enriquecida com um diagrama com a linha do tempo oposto.
Fig.
1: Mistura da linha de tempo em gráfico e tabela. (Fonte: BrasilFoods,
Relatório Anual 2012, pág. 37)
Essas
representações são difíceis de ler porque a sintonização dos dados com a
direção da leitura complica as associações certas.
Ou como no caso do
relatório do Itaú Unibanco onde o gráfico da página 55 segue na direção certa
enquanto na página 85 aparece invertido.
Fig.
2: O segmento da pizza representa que ano? Azul 2011, Laranja 2010.... (Fonte: Itaú
Unibanco, Relatório Anual 2012, pág.55)
Fig.
3: Além da inversão da linha de tempo podemos observar a questão de redundância,
escolha de gráfico e cores entre outras. (Fonte: Itaú Unibanco, Relatório Anual
2012, pág.85)
Caso como este
mostra, que não se segue na elaboração de um conceito de notação.
Outro bom exemplo
vem do relatório da Embraer onde podemos observar uma consistência no
direcionamento, so que com os eixos do tempo invertido tanto em gráficos como
nas tabelas.
Fig.
4: Linha de tempo seguindo a mesma direção no gráfico e tabela, porém no
sentido invertido. (Fonte:Embraer, Relatório Anual 2011, pág. 107 e 77)
O que também
ultimamente pode ser observado é o uso do eixo Y como linha do tempo. No
conceito de notação a sugestão é usar o eixo Y para apresentação de estruturas
e o eixo X para períodos (regra 4.3.2 - CHECK), contrariando estas sugestões o
designer deve uniformizar as direções da linha do tempo tanto na tabela quanto
no gráfico e não como no exemplo da Cemig uma vez em ordem crescente na tabela
e no gráfico em ordem decrescente.
Fig.
5: Uma nova, porém questionável tendência de posicionamento da linha de tempo
em tabelas. (Fonte: Cemig, Relatório Anual 2011, pág. 91)
Fig.
6: A mesma tendência de posicionamento da linha de tempo pode ser observada
também nos gráficos. (Fonte: Cemig, Relatório Anual 2011, pág. 91)
Outro exemplo é da
Redecard, que optou pela versão crescente e invertindo os aspectos de estrutura
com tempo. Outra inconsistencia encontrada aqui trata do escalonamento. O valor
de Credit cards de 2011 de 386,5 billion R$ difere pouco em altura do valor do
Industry revenue de 2011 de 670,1 billion R$. Outra falha grave é o uso das
cores. A colocação transmite a impressão que em 2009 só tivesse tido um
Industry revenue com Credit cards, em 20110 só com Debit cards e em 2011 só com
Private label cards.
Fig.7: Um gráfico cheio de desafios…. (Fonte: Redecard,
Sustainability Annual Report 2011, pág. 36)
Enfim, o que pode
ser observado em todos estes exemplos é a falta de adesão a um padrão de
visualização.
Os gráficos são geralmente representados corretamente
Apesar de algumas
exceções já citadas, a maior parte dos relatórios de negócio mostra a evolução
do tempo nos diagramas corretamente como podemos ver por exemplo nos relatórios
anuais da Cemig entre outras.
Fig.
8: Gráficos com linha de tempo na direção certa. (Fonte: Cemig, Relatório Anual
2012, pág.76)
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